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Relações intensas ao quadrado

 
  • Na tentativa de obter um bom “match”, não existem garantias. Isso vale para todo tipo de relacionamento, envolvendo ou não pessoas com altas habilidades. Mas o mais arriscado para relacionamentos que envolvem uma ou duas pessoas com altas habilidades é desconhecer sua condição. O autoconhecimento ajuda em qualquer relação, é claro, mas, para esses indivíduos atípicos, é um item essencial, já que a consciência de alguns comportamentos e necessidades próprias vão fazer toda a diferença na vida a dois.
Imagem de The HK Photo Company, na Unsplash.
  • Nesse sentido, a psicóloga Jeanne Siaud-Facchin e a médica Valérie Foussier, entre outros estudiosos da superdotação, alertam que as pessoas superdotadas devem estar conscientes de alguns aspectos específicos ligados ao seu particular funcionamento cognitivo e emocional que têm o potencial de impactar em seus relacionamentos amorosos.

 

  • A primeira dupla de características a cuidar é a hiperlucidez e “superanálise”. A pessoa superdotada percebe com muita precisão as nuances no comportamento do outro, o que pode levá-la a “superanalisar” gestos, palavras ou silêncios mínimos. Isso pode gerar mal-entendidos, angústia ou desconfiança injustificada.
 
  • A terceira especificidade que pode desafiar seus relacionamentos, é a necessidade profunda de autenticidade e sentido. Pessoas superdotadas frequentemente têm dificuldade com convenções sociais ou relacionamentos “superficiais”. Elas buscam trocas profundas, sinceras e intelectualmente estimulantes – o que pode torná-las exigentes ou difíceis de satisfazer.
 
  • Outra peculiaridade que pode ter impacto direto nos seus relacionamentos é a dificuldade de se entregar. A necessidade de compreender e controlar tudo pode impedir o(a) superdotado(a) de simplesmente viver o momento ou se entregar ao desconhecido emocional. Também podem temer perder sua autonomia ou identidade dentro do relacionamento.

  • Para completar, a intensidade emocional pode jogar contra. O(A) superdotado(a) vive as emoções com mais intensidade, o que pode se traduzir em paixões arrebatadoras… ou, por outro lado, em conflitos intensos. Pode ser difícil para o(a) parceiro(a) acompanhar essa montanha-russa emocional.
 
  • Igualmente, o alto nível de exigência, consigo e com o outro, traz consequências visíveis. O superdotado pode ser perfeccionista e esperar muito do relacionamento… às vezes, demais. Pode se decepcionar facilmente se o(a) parceiro(a) não corresponder às suas expectativas intelectuais, morais ou afetivas.
 
  • Por fim, alertam os especialistas, sobre a hipersensibilidade à rejeição ou à injustiça. Uma palavra mal colocada ou uma atitude mal interpretada pode ser vivida como uma traição dentro do relacionamento amoroso. Isso pode levar a reações desproporcionais ou até a rompimentos repentinos.

 

  • Para impedir que essas questões dificultem sua vida a dois, é essencial se conhecer (ter consciência desses aspectos singulares), cultivar o autocuidado e a autorregulação. Também é essencial que todas as cartas estejam sobre a mesa! A comunicação entre o casal precisa ser franca para tornar possível uma forte sintonia e um relacionamento saudável e positivo para ambos. É importante também aceitar as imperfeições dentro do perfeccionismo, assim como aceitar as incoerências, que todos têm.
 
  • Buscar por parceiro ou parceira com senso moral e ético, bom humor, que desperte sua admiração e acompanhe o típico gosto por novidades dos superdotados também ajuda! O entrosamento intelectual é outro elemento de grande peso na escolha de um(a) pretendente – mas não é necessariamente uma questão de pontos de QI aqui.

 

  • Apesar dos desafios, as pessoas superdotadas podem viver relacionamentos extremamente ricos e profundos, desde que a comunicação seja sincera e fluida, que suas particularidades sejam compreendidas e aceitas (por elas mesmas e pelo outro) e que seja possível construir uma relação baseada na confiança, no respeito mútuo e na liberdade interior.

 

  • E o olhar cuidadoso para esse tema é importantíssimo! Porque para as pessoas com altas habilidades, suas relações com parceiros e parceiras de vida são um fator particularmente determinante na manutenção do seu bem-estar. E não se trata só de amores românticos, mas também de amigos e colegas de trabalho. É importante buscar por pessoas que compreendam suas peculiaridades, saibam valorizar o que têm de bom e ofereçam apoio nas suas fragilidades.
     
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