A socialização das pessoas neuroatípicas:
uma questão de saúde mental, bem-estar e autoestima
- A neurodiversidade abrange uma ampla gama de perfis cognitivos, incluindo #superdotação #autismo , #TDAH , #dislexia , entre outros. Embora cada indivíduo seja único, há uma realidade comum que pode afetar muitas pessoas neuroatípicas: o isolamento social.
- Pessoas neuroatípicas frequentemente enfrentam desafios invisíveis que podem dificultar sua integração nos espaços sociais. Mal-entendidos, estereótipos e falta de acessibilidade podem levar à sensação de solidão e desconforto. Longe de ser simplesmente uma questão de “falta de amigos”, o isolamento pode ter consequências negativas para a saúde mental, o bem-estar e até mesmo a autoestima.
Um dos maiores desafios para pessoas neuroatípicas é navegar em sociedades que não foram projetadas para elas. Expectativas sociais, normas de comunicação e até mesmo o gerenciamento de emoções podem ser obstáculos reais. O estigma em torno dessas diferenças cognitivas também pode reforçar sentimentos de rejeição e solidão.
O ideal seria contarmos com uma sociedade onde as diferenças sejam vistas como pontos fortes e onde cada indivíduo possa se desenvolver sem se sentir isolado. Na maioria das sociedades, isso ainda não é uma realidade. E requer educação contínua, iniciativas comunitárias e adaptação de espaços públicos e profissionais. Medidas estão sendo tomadas pelo mundo afora para combater o isolamento e promover a interação e socialização dos neurodivergentes:
- O Reino Unido introduziu serviços de apoio comunitário e linhas de ajuda para pessoas neuroatípicas. Essas iniciativas visam criar um ambiente seguro para discutir desafios sociais e encontrar soluções adequadas. O NHS (Serviço Nacional de Saúde) também expandiu seus programas de suporte para incluir grupos de suporte online.
- Os Estados Unidos desenvolveram programas de integração profissional para pessoas neuroatípicas, com o objetivo de ajudá-las a encontrar um emprego que respeite suas particularidades. Além disso, associações como a Autism Society organizam eventos de socialização e workshops para incentivar interações.
- Na França, a ênfase está na inclusão educacional e profissional. A lei de igualdade de direitos e oportunidades, assim como projetos como “Maisons des Adolescents” ou “L’Autisme, ça nous regarde” (O autismo nos diz respeito), foram criados para conscientizar a população e criar espaços onde pessoas neuroatípicas possam se encontrar e ajudar umas às outras. Dispositivos digitais e plataformas online também estão disponíveis para permitir que aqueles que se sentem isolados se conectem com outras pessoas.
- A Austrália oferece programas de suporte on-line dedicados à comunidade neuroatípica, com salas de bate-papo e fóruns. Além disso, a criação de centros comunitários para pessoas com transtornos do espectro autista (TEA) permite que elas se conheçam e desenvolvam redes sociais.
- No Brasil, muitos ambientes culturais e de compras, como exposições, cinemas e shoppings, têm criado espaços para descompressão de crianças com TEA.
Embora a grande maioria dos estudos não demonstre uma frequência maior de problemas de adaptação social em pessoas com altas habilidades, isso não significa que a socialização de pessoas superdotadas seja necessariamente fácil.
O psicólogo francês especializado em superdotação Jean-Charles Terrassier, por exemplo, destaca que os problemas de dissincronia social que esses indivíduos podem encontrar surgem da disparidade ou do descompasso entre o seu desenvolvimento cognitivo e o seu desenvolvimento social e emocional. Isso pode gerar uma lacuna social entre o jovem e seus pares. Dependendo da extensão do descompasso e de sua gestão mais ou menos eficaz pela pessoa superdotada e pelo seu entorno (família, escola, etc.), dificuldades variadas podem ser encontradas, entre elas dificuldades de socialização.
- Rumo a uma sociedade mais inclusiva?
Embora esforços tenham sido feitos para integrar e apoiar pessoas neuroatípicas, ainda há muito a ser feito. Não há iniciativas oficiais voltadas a pessoas superdotadas, mas há espaços de conversa, como os grupos de adultos superdotados criados pelas especialistas no tema Maria Lucia Sabatella (fundadora do INODAP) e Susana Pérez Barrera, por exemplo. Além disso, sempre que a sociedade muda de forma positiva seu olhar em relação a grupos com funcionamento diferente do chamado “normal”, compreendendo suas peculiaridades, mais um passo é dado em direção à integração.
Aos poucos variadas iniciativas vão surgindo, e pode vir de você a próxima ideia para criar uma nova forma de respeitar e incluir pessoas com altas habilidades.