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Como nasceu a obra

Este livro nasceu despretensiosamente. De uma questão crucial para as autoras. Thais descobriu que tinha altas habilidades aos 40 anos de idade, quando morava em Genebra, na Suíça. Foi identificada por Sophie, fundadora do Cabinet Hi-Mind, centro suíço de atendimento especializado em superdotação. Inicialmente ficou chocada com a possibilidade de ser algo que considerava reservado aos gênios da humanidade — o que é muito comum, pela falta de conhecimento sobre essa condição.


Como invariavelmente acontece após receber uma notícia dessas, principalmente entre as mulheres, uma longa fase de aceitação envolveu dúvidas existenciais e questionamentos sobre os ditames e as dinâmicas da sociedade. Envolveu também, claro, acompanhamento especializado, muita leitura e pesquisa para entender do que realmente se tratava a superdotação.


Thais teve acesso a livros e materiais voltados para o público leigo no tema, com muita informação de qualidade, mas disponibilizados especialmente em três línguas: inglês, francês e espanhol. Em português, encontrou quase sempre teses acadêmicas e obras dirigidas a profissionais da educação, para auxiliar no reconhecimento de estudantes ainda crianças.

Thais pensou em todos os milhões de conterrâneos e conterrâneas que podiam estar no mesmo barco que ela, deparando-se com com os desafios da não identificação ou enfrentando essa descoberta atordoante sobre si mesmos, sem contar com material de apoio que os amparasse nesse processo, com conteúdo profundo, mas linguagem descomplicada. E não seriam poucos, afinal os cálculos mais conservadores consideram que pelo menos 3% da população é superdotada — e o Brasil possui mais de 210 milhões de habitantes, ou seja, no mínimo 6,4 milhões de superdotados e superdotadas. Atualmente, entretanto, são menos de 1 milhão de identificados…

 

Foi a sugestão despretensiosa, mas provocativa, de Sophie que fez Thais abrir os olhos para essa possibilidade: “Por que você não escreve um livro, na sua língua, para essas pessoas?” Assim nascia a obra que veio a se chamar “Deu Zebra! Descobrindo a superdotação”, com a missão de compartilhar informação de qualidade sobre essa condição na vida adulta, focada na identificação tardia. Uma forma de apoiar quem está vivendo o que ela viveu e todas aquelas pessoas ao seu redor (familiares, amigos, colegas de trabalho), além de profissionais da saúde física e mental, educadores e autoridades governamentais que tão pouco costumam entender sobre o tema.

O título inusitado Deu Zebra! foi escolhido pelas autoras para dar, logo de entrada, o tom leve do livro e seu caráter que foge aos padrões. A ideia foi fazer alusão a um apelido carinhoso muito utilizado fora do Brasil para falar sobre os superdotados, isso porque a zebra é o único equino que o homem não consegue domesticar e leva na pele a sua identidade – suas listras pretas são como as digitais do ser humano, nenhuma é igual à outra. Mas, no Brasil, o termo “deu zebra” fala também de um resultado inesperado, o que descreve muito bem a reação de quem descobre a si mesmo ou pessoas próximas com essa condição. Além disso, já deixa subentendido que, assim como os resultados improváveis dos jogos não são tão raros, a superdotação pode ser uma minoria, mas está longe de ser uma raridade.